Crônica de amor


            Encostado na árvore Rodrigo olha o relógio em seu pulso, cinco e vinte da tarde, já devia está quase na hora de Alice sair. Vira-se e avista uma escola modesta pintada de branco com algumas faixas amarelas, muro meio pixado e um letreiro escrito Colégio Municipal Ana Tereza. Passa de leve a mão sobre seu cabelo preto e liso que se contrasta com seu rosto jovial, onde nota-se os olhos castanhos claros e o nariz e os lábios finos. O que caracterizava um adolescente de aproximadamente dezessete anos.

             De súbito escuta o som de um sinal que quebra aquela atmosfera de silêncio na qual estava envolvido, e contempla os muitos alunos que começam a sair aos grupos pelo portão da escola. Não se passam nem um minuto direito e Rodrigo observava saindo a conversar com uma garota, Alice, que ao vê-lo despede-se da amiga e caminha ao seu encontro, dando-lhe um beijo sutil e rápido.

            - O que você queria tanto me mostrar para ligar dizendo que viria até aqui me esperar?
Pergunta ela em um tom calmo e sereno.
            - Isso é uma surpresa venha comigo e eu te mostrarei, - responde segurando-lhe as mãos alvas e finas.
            - Adoro surpresas, mas não faça suspense, pois senão ficarei ainda mais curiosa.
           - Pode deixar que com uns quinze minutos estaremos lá, só precisamos nos apresar um pouco.
            Rodrigo fala olhando na namorada os olhos azuis de uma tonalidade marinha e os lábios de cor excessivamente avermelhada, com uma face oval, nariz arrebitado e orelhas pequenas bem ajustadas à cabeça. Além, da loira cabeleira cacheada. Vestia a camisa da escola acompanhada de uma calça jeans clara e sapatilha preta. Não apresentava possuir mais de quinze anos.

         - Mas Rodrigo eu não posso chegar em casa depois das sete horas por causa dos meus pais.   – diz Alice com uma expressão ao mesmo tempo de ternura e preocupação, - você sabe como eles são.
          - Fique tranqüila antes das sete, você já estará em casa.

          Em segundos ambos põem-se a conversar sobre os mais variados assuntos, enquanto se afastam da escola e sobem pela calçada uma tortuosa ladeira. Do outro lado da rua algumas crianças brincam de amarelinha e de roda acompanhado por cantigas que se misturam aos seus risos e vozes. À medida que avançam as casas vão variando, modestas e espalhadas sem simetria.

          O dia começava a findar e o sol já estava a se proteger por trás das alvas nuvens, quando Rodrigo e Alice chegaram a um pequeno parque. Apresentava pouca presença Humana diante de uma atmosfera calma e silenciosa que só era quebrada pelos cantos vagos de alguns passarinhos, que adornavam a paisagem pairando muitas vezes sobre as árvores.

          - Sentando debaixo daquela figueira é possível observar os mais lindos crepúsculos, - aponta Rodrigo tentando decifrar com os olhos os pensamentos da companheira trazendo-o consigo.
          - Só você mesmo para me trazer para contemplar um pôr-do-sol, há tempos que não venho neste lugar, - responde Alice com um sorriso a mostrar seus dentes brancos e alinhados.

          Sentam-se ambos em um mato rasteiro debaixo da sombra produzida pela enorme figueira a observar com concentrada atenção o eterno acontecimento periódico capaz de se renovar a cada vez que se apresenta. O disco esbraseado do sol desce por trás de nuvens rosadas, onde se forma uma barra carmesim em que céu e terra se encontram, transfigurando-se nas tonalidades rosa e ouro que assumem a cor suave de um gelo esverdeado.

         - Repare só naquele verde- diz Rodrigo, - parece conter em sua forma a imagem de uma ave que após um cansativo vôo procura uma árvore para repousar.
         
        Alice que estava com sua cabeça posta no ombro do companheiro vira-se em sua direção, achando o olhar de Rodrigo no seu e trazendo naquele exato momento o encontro dos seus lábios. Já no horizonte a última luz do sol aprofunda-se no verde da montanha.



Por: José Paulo Alves Folly





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3 comentários:

Natália Ferreira disse...

arrepiei com esse final ! auiai

cн૯ℓуηнα disse...

muito lindo eu amei de paixao toda a historia parabens Ariana

Ariana disse...

Não foi eu minha querida. Tá escrito ali encima. POR : José Paulo Alvez Folly. ele que é o autor.. ele que merece.

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